quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Caras e caras

Há caras que apetece olhar e acenar com um sorriso mas, há outras que mais vale virar costas e fingir que não as vi.
Tudo se passa porque ando à procura de um conjunto de cremes para oferecer. Decidi ir ao Boticário e deparo-me com uma criatura com uma voz esganiçada mas amorosa (coisa difícil de conseguir eu sei), ela tentou vender tudo e até me mostrou um perfume (horroroso) que não resisti a dizer com uma malícia amigável que cheirava a "aftershave". Sim fui mazinha, mas aquilo de floral só tinha o odor que teria uma panela cheia de álcool com uma pétala arrancada do jardim mal tratado da vizinha. Mas, a vendedora A como passo a chamar-lhe não levou a mal e mostrou-se ser uma vendedora incrível! Digo incrível porque soube dizer "Boa noite" e interagir com outro ser humano (coisa rara actualmente), contrariamente à pseudodisfarçadavendedora do Body Shop que aquilo tinha um metro e quarenta acima do nível do chão, tinha olhos, cabelo e pouco mais. Portanto, uma pessoa vazia.
De início parecia que eu ia virar terrorista de um filme do Stallone e por-me a destruir a loja, estava com as sobrancelhas franzidas como quem soma 1+1 e tem que pensar muito. Até que mostrei interesse num conjunto que estava fechado e esse alien em vez de me ajudar a encontrar os cremes para os experimentar antes de oferecer (coisa que no mundo dela não se deve fazer) esticou as suas míseras cordas vocais e gritou-me como que grita no Bolhão para um animal não pensante. Bem, os meus trinta centímetros incharam e frisei que ainda oiço bem e que não precisava de falar assim.  Disse o meu boa noite da forma mais cínica possível e virei costas. Hoje em dia as pessoas já não pensam como um ser bípede e falante, é pena. Tudo era mais simples.

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